sexta-feira, 12 de julho de 2013

Black Coffee

Bebemos mais um café com a companhia das gargalhadas. Costumava ser bom ter por companhia um bom café e alguém com quem pudesse mostrar a minha anormalidade toda e ainda assim não me sentir tão anormal. Sempre pedes uma garrafa de água e eu não percebo porquê. Se não gostas do sabor, porquê beber? 
Voltamos a deixar-nos levar pela conversa. Há sempre que dizer. A lua, as estrelas, a areia... o estado do país, a bolsa portuguesa... há tanto para falar e as palavras não parecem nunca ser suficientes em certos momentos. E mais um leve hausto de café. Talvez seja "amarga" por bebê-lo puro. Talvez a dureza das minhas palavras se tenha tornado mais sagaz, agora que o silêncio é a palavra de mestria. Deveria preocupar-me? Não me parece. Sou tal e qual o café que os teus lábios subtilmente tocam e a tua boca saboreia. 
Posso ser um poço de doçura e encanto, um deleite, se assim me colocares. Em contrapartida, um poço de amargura cujo trago é pouco agradável. Posso ser a pessoa mais doce que possa preencher a tua vida ou a mais amarga que possas encontrar. Agora percebo porque bebes água logo após o trago. Gostas da minha neutralidade.

2 comentários:

  1. Está tão perfeito! Fiquei de boca aberta quase como que desejando saborear pequenos tragos de café e olha que nem gosto! És fabulosa.

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  2. "Agora percebo porque bebes água logo após o trago", que poesia!

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"Procura o que escrever, não como escrever." Séneca
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