"Não
consigo contar pelos dedos das minhas mãos quantas vezes me disseram que errar
é humano e que por muito que tentemos fugir de cometer erros, eles vêm ter
connosco quase como se estivessem predestinados a acontecer, tornando-se assim
numa realidade inescapável. Não sei ao certo se acredito que tudo na vida está
destinado. Eu poderia ter evitado. Poderia ter sido menos inconsequente e ter
percebido que tudo aquilo que fazemos traz uma consequência que por vezes pode
alterar por completo o rumo que sempre julgamos que a nossa vida teria. Eu
tinha tudo para ser bem-sucedida e, como que por magia, o futuro escapou-se-me
por entre os dedos e aquilo que parecia resplandecente num ápice tornou-se num
túnel apocalíptico sem fim à vista.
Eu acredito que tudo na vida tem uma
razão, mas qual terá sido a razão que justificasse o que tinha acontecido?
Aprender com os erros? A sanção foi demasiado pesada para um erro. Geralmente
não via um erro como sendo algo de tremendamente gravoso. Via-o como sendo algo
reversível que requeria um perdão e não como algo que violasse o que de mais
precioso temos. No entanto, parte de mim sabe que eu aprendi alguma coisa com
os meus erros e que o facto de ter sido privada durante parte da minha vida de
certas coisas bastou para que me modificasse como pessoa. Perdi os aniversários
da minha família, o casamento do meu irmão, a maioria dos que se diziam meus
amigos… Tantas ocasiões que foram importantes e eu considerava como tal. Mas
não deve ter sido muito difícil terem sido celebradas sem mim. Quem iria querer
que eu estivesse por perto? Já era penoso o suficiente vaticinar o que as
pessoas achavam sobre mim e ouvi-las proferir em voz alta apenas iria fazer-me
sentir pior.
O que quer que a vida me quisesse
mostrar, esperava que me apresentasse uma forma de me redimir. Uma forma de me
perdoar porque viver sem o perdão próprio tornava-se quase tão perturbante
quanto viver sem o perdão dos outros."
Eis que me surgiu uma ideia e isto é o prólogo. O que dizem? Podem ser sinceros que eu prometo não morder!
Olha, gostei muito. E conseguiste deixar-me curiosa!
ResponderEliminarEu vou ser sincera, quando comecei a ler fiquei preocupada, porque pensava que se tinha passado algo contigo. Quando li o fim do post fiquei aliviada e com muita curiosidade. Parabéns, gostei muito :)
ResponderEliminarBeijinhos ;)
por muito que eu me vire muitas vezes contra as minhas crenças, no fundo eu sei que elas estão certas. isso do destino é dificil de compreender, mas temos de perceber que o destino não se trata de um acto isolado ou de uma consequência. ou seja tudo aquilo que fazemos, o processo até fazermos algo que pode alterar a nossa vida é tambem parte do destino. eu julgo que não podemos isolar o acto e quando questionas sobre "Eu poderia ter evitado. Poderia ter sido menos inconsequente e ter percebido que tudo aquilo que fazemos traz uma consequência que por vezes pode alterar por completo o rumo que sempre julgamos que a nossa vida teria", eu digo que o destino estava feito para que não o pudesses evitar e para que não percebesses naquele momento. acho que temos realmente de aprender com tudo, num determinado momento podemos não compreender o porquê de determinada coisa estar a acontecer, mas mais tarde ou mais cedo faz-se luz no nosso interior. quando perdemos coisas que são importantes sem as julgarmos, o destino ensina-nos a dar valor ao que perdemos. quando perdemos coisas que julgamos importantes, no fim de contas vemos que não eram assim tanto, e que o destino apenas te limpou do caminho o que não precisavas ou quando perdemos coisas por cobardia e que sabemos serem importantes, mais tarde ou mais cedo aprendemos a lutar desesperadamente pelo que vale a pena e pelo que merece o nosso esforço. como me costumavam dizer só não há solução para a morte. quanto a tudo o resto, o que fizemos mal, podemos sempre tentar corrigir, só importa o quanto lutamos, se o destino quiser que corrijas um mal, ele deixa-te corrigir esse mal. se não tiver de ser corrigido e ainda assim tentaste, só tens de te sentir bem contigo própria, desculpar-te, porque afinal fizeste tudo o que podias para remediar o passado. "Quem iria querer que eu estivesse por perto? Já era penoso o suficiente vaticinar o que as pessoas achavam sobre mim e ouvi-las proferir em voz alta apenas iria fazer-me sentir pior." quanto a isto, por vezes temos de ser mais fortes que a dor e resistir, dar a cara e lutar. se "fugimos" perdemos coisas, mas afinal o destino já te mostrou isso. e agora fiquei curioso quanto ao desenvolvimento dessa história. enquadra-se nos meus gostos, muitos erros de vida e martirização à procura do sentido da vida. obrigado sempre pela força que deixas lá no meu canto. é importante. :) bom trabalho para ti. xD
ResponderEliminarEu estava a preparar-me para dar a minha opinião no que escreveste sendo uma confissão da tua parte mas só no fim percebi que não se tratava propriamente disso :)
ResponderEliminarEstá muito bom. Misterioso, sem dúvida. Mal posso esperar ;)
Beijinhos *
Já sabes a minha opinião não é? Continua, continua :)
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