quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Trocada - Prólogo

Prólogo

Sentia que estava deitada em algo. Parte do meu corpo estava entorpecido, como se já não o movesse há imenso tempo e, pior que tudo isso, estava tudo tremendamente escuro e não fazia a mais pálida ideia de onde estava. Todavia, ouvia vozes. Não sabia o que elas diziam. Na verdade, acho que não me apetecia pensar muito naquele momento porque sentia a minha cabeça pesada, como se a ela estivesse atrelada um pedregulho com mais de uma tonelada. Tentei abrir os olhos e voltei a fechá-los novamente. A luz feria-me violentamente as vistas. As vozes exasperadas, aflitas, flutuavam pelo ar, chegando ao meu ouvido. Doía-me cada vez mais a cabeça, como se a tivesse rachado. Tentei elevar a minha mão em direção a ela, mas voltei a constatar que o meu corpo estava totalmente entorpecido. O que se estava a passar? Ainda há bem pouco tempo estava no conforto do meu sofá a assistir pela enésima vez o meu filme preferido com um monte de pipocas e uma Coca-Cola gigante a fazer-me companhia. 
O cheiro a éter, bruscamente, inundou as minhas narinas e ouvi num tom de total euforia "Acordou! Os sinais vitais estão a voltar ao normal!". 
Percebi que estava no hospital e que alguma coisa me tinha acontecido. Mas o quê se a única coisa que me recordava era de estar em casa? Teria eu deixado o fogão ligado e ter incendiado a casa? Não, não valia a pena pensar naquilo naquele momento.
Comecei a ouvir e a ver cada vez melhor. Encontrava-me numa maca, rodeada de uma equipa médica que me observava com perplexidade. Após algum tempo, e depois de me levarem para um quarto mais sossegado, um médico na casa dos trinta e cinco anos aproximou-se de mim e começou a anotar no seu bloco de notas. Depois de um tempo a perscrutar-me, sentou-se ao meu lado.
– Sabe o que lhe aconteceu?
Abanei negativamente a cabeça.
– Foi encontrada na sua casa por um homem que a trouxe ao hospital. Aparentemente escorregou e bateu com a cabeça numa escada, desenvolvendo um traumatismo craniano. – Fez uma pausa e eu pude ler-lhe no rosto uma certa hesitação. – Já se tentou lembrar de quem era?
Como assim? Lembrar-me de quem era? Que parvoíce, eu chamava-me... eu chamava-me... O pânico apoderou-se de mim.
– Devido à aparatosa queda desenvolveu uma amnésia retrógrada. Não sabemos quanto tempo poderá levar a que se relembre do que lhe aconteceu. Não se irá recordar de certos acontecimentos que se passaram na sua vida, mas esperemos que recupere. – Sorriu no final e afagou-me o ombro. – Não se preocupe. Irá recuperar.
– Ninguém procurou por mim? Há quanto tempo estou apagada? O homem que me trouxe não lhe disse o meu nome? Eu não me consigo lembrar do nome, da minha idade, quem é a minha família e muito menos nos do emprego! – Bradei, completamente fora de mim. – A única coisa que me lembro é de estar sentada em frente à televisão a assistir a um filme. No entanto, não consigo recordar-me do local onde moro. – E comecei a chorar desconsoladamente. 
O médico aproximou-se de mim e pediu para me acalmar que tudo se iria resolver. Injetou-me um líquido no soro e senti-me a esmorecer até que acabei por adormecer profundamente. 

P.s Continuo ou nem por isso?

9 comentários:

  1. A pergunta mais indecente que ouvi nos ultimos tempos! É claro que sim!

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  2. Continua!!!!!!!!
    Obrigada!! Espero conseguir publicar este fim-de-semana!

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  3. Claro que continuas :D
    Está : Brutal :D

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  4. Continua! Agora fiquei com a pulga atrás da orelha e quero ler o resto :D

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  5. Não tens de agradecer! Acho que o blog está bastante bom e o prólogo da história também :) Na minha opinião, deves continuar!!
    Beijinhos :)

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  6. Parece que sim :D Há de facto ainda muitas pontas soltas para atar! :p Eu estarei cá para escrever um próximo capítulo se tu também aqui estiveres para dar continuação a esta! *-*
    beijinho

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"Procura o que escrever, não como escrever." Séneca
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