quinta-feira, 2 de abril de 2015

Rainha dos Vales Mudos

Ouço o meu nome por entre as copas das árvores. A voz atravessa cada beco da montanha, cada vale, cada colina e trespassa cada ser vivo por ali. Ela diz-me para parar, mas não paro. Não paro porque não consigo. Todas estas forças intrínsecas conjugaram-se para me deixar mal. Para não conseguir comandar o meu corpo e agir como uma mera marioneta nas mãos de um palhaço maquiavélico que não liga às minhas emoções. E então eu corro por entre um verde esperança como se o mundo estivesse a um exíguo passo do fim e a dor dos meus pés acentua-se, sem dar qualquer tipo de trégua.
Eu quero mas não consigo parar. É-me familiar a voz. Traduz um conforto inebriante, mas ele não me deixa. Comanda o meu cérebro e as minhas funções motoras. Impele choques elétricos que me fazem retesar os músculos e correr ainda mais depressa rumo à salvação. Mas se não há salvação tudo foi em vão. Corro em círculos até achar-te. Varro esta montanha há anos e não me encontro. Vaguei-o por trilhos cujos mílimetros já conheço. Perco-me e não me encontro.

4 comentários:

  1. Um dia vais encontrar-te querida *

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  2. Todos temos essa fase... Vai passar e vais encontrar-te. tenho a certeza. Adoro o que escreves!
    http://the-blog-ofmylife.blogspot.pt/

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  3. Um dia encontras-te. Já passei pelo mesmo e acabei por me encontrar. Acho que passamos todos por isso :)

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"Procura o que escrever, não como escrever." Séneca
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