Eu não tenho portos de abrigo. O meu barco não atraca em nenhum porto porque nenhum me parece seguro. Uns demonstram-se infiéis, outros primeiramente seguros e depois deixam o meu barco à deriva, procurando uma luz que o encaminhe, o que tarda a acontecer. E sabes o que me custa mais? Acreditar que tudo tem um lado humano, afável e que a planos ardilosos são meramente para os outros. E eu acredito, envolvendo a corda e tentando manter-me segura ali. Mas não resulta. Há sempre um desentendimento, quase como se eu repelisse a segurança e a confiança e me traíssem, deixando-me no mar salgado e tenebroso sem rumo.
Queria deixar de acreditar, de viver na expetativa que tudo seria diferente e que podia atracar num local, pelo menos. Mas não sinto isso. Sinto que o meu barco está no meio do mar, estático, receoso e impotente. Não há nada que o faça voltar e eu não tenho espírito para conseguir fazer com que volte.
Fica onde estás, barco. Pode ser que não te desiludas.
Identifiquei-me tanto com isto... Também não tenho portos seguros, só consigo confiar em mim mesma, contar comigo mesma...
ResponderEliminarDescreveste-me de forma tão completa que assusta.
ResponderEliminarAgora percebo porquê que um convívio te faria bem...
ResponderEliminarR: Referia-me à fé mesmo, quanto à fé nas pessoas, aquilo faz-te acreditar que ainda existe gente boa pelo menos comigo foi assim. As pessoas eram espectaculares.
Quanto ao efeito colateral de sentir sozinha no meio da multidão é apenas o primeiro dia, e o segundo quanto muito. Depois passou :)
Se estás a pensar em ir, não penses muito, vai!
Beijinho*
Sabes o que sempre disse e continuo a dizer? Temos que confiar, desconfiando! Podes contar comigo sempre que precisares :)
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