sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Colinas de Lado Nenhum

Numa bruma espessa e sombria, as copas das árvores escondem-se como se temessem o animal que vivia naquela floresta. Não há nenhuma alma viva naquele local. Os pássaros deixaram de cruzar os céus nos seus voos irrequietos há uns milhares de anos, as cigarras deixaram as suas cantorias, as pequenas e ágeis raposas hibernaram para sempre e todos os outros animais deixaram levar-se pelo imenso Inverno que se abateu. Apenas a vegetação sobreviveu, irrompendo do solo num verde singelo e espesso ou num castanho rugoso e sombrio. Crescem cogumelos venenosos por aquelas bandas sem que haja risco de causarem envenenamento. Já há muito que os humanos não pisam aquelas terras. Amaldiçoadas, diriam eles. Mas esqueceram-se eles que o animal estava dentro deles e que o medo os aprisionava, tornando-os num animal amedrontado com a cauda por entre as pernas bambas.

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