terça-feira, 6 de agosto de 2013

Mar

Shhh. Olha para o mar e vê como as ondas rebentam nas rochas. Não temas. Não irás perder mais alguém lá porque não se pode perder o que já está perdido. 
Senta-te e empresta-me o teu casaco. Ainda usas o mesmo perfume suave com que me conquistaste e esse casaco... Conheço-o muito bem. Mas mantém-te em silêncio e puxa os teus joelhos contra o teu peito e contempla. Contempla a biodiversidade e tentar compreender o mundo, já que ele nem sempre nos compreende. Silencia as vozes na tua cabeça e permite-te relaxar. Não faz mal estar vulnerável de vez em quando, sabes? O que faz mal é pensar em demasia.
Não ouses aproximar-te mais um milimetro. A distância é algo que se deve preservar para evitar males maiores. Não penses em nada a não ser no mar. Pensa que a vida assemelha-se às ondas. Umas coisas vão, outras veem... Às vezes há detritos nas nossas vidas que nos fazem cair e estatelar. Outras vezes encontramos coisas boas pelo caminho e outras vezes pedras que nos fazem lançar impropérios aos quatro ventos.
Shhh. Não digas nada. Não pedi que viesses. Não pedi nada, pelo contrário. Não penses em nada. Continua assim, a contemplar. As ondas não te vão engolir. Só o teu orgulho pode fazer isso.

6 comentários:

  1. Cada vez gosto mais das tuas metáforas. Tornas as palavras inebriantes!

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  2. o que mais gosto na escrita é a capacidade que esta tem em fazer-nos imaginar uma imensidão de cenários à medida que lemos os mais diversos textos. tu fazes isso na perfeição quando escreves :)

    r: quanto ao meu texto, sim pode dizer-se que me inspirei em mim própria para escrevê-lo! um beijinho :)

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  3. os teus textos são mesmo perfeitos, consegues completamente levar-nos para outras paragens. sou grande apreciadora de textos bem escritos, e devo dizer-te que desde que encontrei o teu blog estás no topo das minhas preferências (no que toca a bloggers deste género) :)

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  4. Ler isto mudou o meu dia, para bem melhor. Também eu gosto do mar e tudo o que revejo nele escreveste aqui

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  5. "As ondas não te vão engolir. Só o teu orgulho pode fazer isso." - Adorei!

    Quanto ao meu texto, seria claro injusto pedir para uma pessoa mudar pelo que é, e por isso mesmo escrevi "Não te posso perdoar pelo que és. Porque, no fundo, tu não erras. Tu és tu, e és assim mesmo. ". Não peço pra mudar porque sou da opinião que as pessoas têm que assumir quando não estão certas e aí, mudam sozinhas ou pelo menos atenuam os seus defeitos de maneira a não magoarem quem está à sua volta. E, já passou tempo demais para que não percebesse o que está errado. Por isso, não há mesmo nada a fazer.

    E, fico muito feliz por achares que a minha escrita é chamativa. É um grande elogio vindo de ti. Muito obrigada!

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"Procura o que escrever, não como escrever." Séneca
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