Hard

Nunca me importei muito com aquilo que as pessoas dizem de mim. Não minto que gosto que digam bem. Na verdade, quem não gosta? Desde há bastante tempo que tenho uma noção básica de mim e percebo que não é toda a gente que vai com a minha cara, muito pelo contrário. Tenho o dom peculiar de ser inconveniente e vingativa. Não consigo controlar e não é de todo algo que me faça sentir orgulho, mas não gosto que inventem a meu respeito, que me atribuam rótulos como se eu fosse uma lata de feijão ou o que quer que seja. Melhor dizendo, não gosto que me utilizem como forma de chegar a outras pessoas, pessoa essa com quem já nada tenho que ver. Melhor dizendo ainda, que me atribuam qualificações que não correspondem à minha verdadeira identidade ou até mesmo gostos. Tudo isto é demasiado abstrato para vocês que me estão a ler neste momento, mas há certas coisas que vindo de certas pessoas acabam por nos desiludir, nomeadamente pessoas com quem, supostamente, podíamos contar. Não que me importe que andem por aí a espalhar coisas porque não me interessa muito o que pessoas que não me dizem nada possam pensar. Só tenho a dizer que então deveria aproveitar muito bem os rótulos que eu tenho ouvido que tenho, e se calhar se fosse outra pessoa estava já a espingardear com os responsáveis. Mas não. Vou deixar a carruagem passar porque vão uns e veem outros, portanto vou esperar serenamente que as pessoas que sabem mais da minha vida que eu própria se deixem espalhar por completo porque não me compete a mim abrir os olhos a ninguém. Há sempre uma coisa que eu digo e ninguém me leva a sério. Há uma grande diferença entre aquilo que realmente se vê e aquilo que os outros dizem ter visto. E é isto.