Lemons & Sugar

Cortaste um limão ao meio e, posteriormente, cortaste-o em quartos. Levaste um desses quartos à boca, servindo-te de um pouco da polpa e não tardou a que as tuas feições se alterassem. Era amargo, não era? Logo tu que adoras tudo aquilo que seja doce.

Encurtaste a distância existente e colocaste o pedaço que levaste à boca mesmo em frente aos meus olhos, para que o pudesse vislumbrar melhor que a ti. E recordo-me das palavras como se ainda mas sussurrasses ao ouvido. Recordo-me de ter achado que não era possível ter dado a conhecer tanto de mim a uma pessoa que eu sabia que não encaixaria apenas na minha lista de amigos, mas também não na minha lista de pessoas muito especiais. 

Talvez o retrato tenha sido o mais fiel que me fizeram. Parecia que toda a minha alma, a minha essência, tinha espelhado a alguém que me parecia demasiado alheio a tudo e todos. E era o retrato que tinhas de mim e com que vais ficar até ao último dia da tua vida. Alguém amarga como limão, como mecanismo de defesa. Alguém que não conseguia ouvir aquilo que de bom que lhe diziam porque achava que todos a iam apunhalar pelas costas ou a iriam fazer sofrer. Racional, muito racional, racional o suficiente para conseguir controlar todo o turbilhão de sentimentos que ambos sabíamos que ebulia nos nossos peitos. Ou só no meu, já não sei. Alguém que iria resistir sempre até ter a certeza daquilo que queria.

Afinal, talvez agradeça por ter-me apercebido que tudo aquilo que eu disse que não iria acontecer, aconteceu. Ainda assim, continuarei a ser o limão na vida das pessoas. Antes limão que torrão de açúcar. E talvez para ti, seja sempre o limão sem a fase torrão de açúcar. Muito mais seguro para mim.