Estado DeMente

Chamaram todos os médicos da cidade e da aldeia. Diagnosticaram loucura em mim e eu ri-me na cara deles demoniacamente. Se eles soubessem de metade! Se eles soubessem do que a minha alma é realmente feita não diagnosticariam nada para além de um coração partido em fase de reconciliação com o seu eu. Diagnosticaram o que lhes dava jeito e não desonrava a fama em que se deixaram envolver. Prescreveram uma panóplia de medicamentos que cuspi na hora em que mos enfiaram na boca. Eu não estava louca e se estivesse o problema seria meu. Não tinha pedido a ninguém que me socorresse e a loucura era a força motriz para muita coisa. Einstein era considerado louco, Leonardo da Vinci também, Galileu Galilei foi condenado pelas suas ideias aparentemente quiméricas e, afinal, ambos contribuíram para o mundo em que vivemos.

Precisava de um novo mundo. Um mundo só meu onde eu comandaria tudo o que queria e recriaria os espaços que lia nos livros. Seria Catherine, exigiria o meu Heathcliff e as nossas almas pairariam nas colinas após a nossa morte. Transformar-me-ia numa guerreira, se assim quisesse, e despoletaria uma revolução num mundo bem diferente do meu, tal como Katniss Everdeen. Daria a volta ao mundo em 80 dias ou então recriaria cenários de Sherlock Holmes. Que interesse tem este mundo para uma mente assim? Preciso de espaço. Espaço! Não gosto que me ditem regras sobre o que devo pensar e como me devo comportar. Sou uma mente livre, talvez louca mas não o suficiente para mandarem em mim.

Então, tirem-me desta cama, soltem as ligas, expulsem os médicos e deixem-me sair. A minha vez chegou.