domingo, 28 de julho de 2013

Devil Takes Care Of His Own

Sou um dos erros de Deus. Não pertenço ao seu exército imaculado onde tubas rejubilam ao sétimo dia e vozes angelicais ecoam por entre as nuvens. Sou um dos erros do Diabo. Não pertenço ao seu exército vermelho e escaldante onde o fogo crepita e esbate contra os pecadores. Talvez seja mesmo um erro que me devesse preocupar. Agora janto com Deus e o Diabo, um de cada lado, amparando-me a queda devido ao excesso de vinho que consumi. Rio-me desalmadamente e depois choro, como se soubesse que a gula é um pecado. E no fundo sei. O que é em exagero não faz bem. Contudo, tenho a voz ali. Tão sedutora e agradável ao ouvido que me incita a cometer erros. Que me diz os caminhos repletos de grilhões e a satisfação com que ficarei depois de alcançar todos os meus objetivos. Reclino a cabeça e perco-me na beleza e no sorriso imaculado. E depois há uma mão gelada que toca no meu antebraço e faz o calor que entretanto se tinha aglomerado no meu corpo se dissipe. Olho, transtornada, com ira patente no olhar e deparo-me com uma figura simpática, sorridente mas tímida que me apresenta todos os obstáculos que terei de ultrapassar sem que interfira na vida das pessoas e as espezinhe. Toda a gente sabe qual o caminho mais fácil. Ou toda a gente deveria saber.
As duas figuras arrancam numa discussão. O Diabo inicia e Deus permanece pacífico, demovendo-o da sua maliciosidade. Levanto-me. Sei o que tenho a fazer. Cambaleio devido ao álcool e sigo em frente. Dispenso discussões. Irei eu mesma seguir os meus instintos.

Sem comentários:

Enviar um comentário

"Procura o que escrever, não como escrever." Séneca
Aviso: Não se aceitam comentários que não se relacionem com o post. Obrigada pela compreensão.