sábado, 15 de junho de 2013

Benedictus

Imagino um mundo sem guerra. Um campo sereno, com ervas altas a adejarem suavemente ao sabor da brisa. E papoilas. Muitas papoilas a tingirem o campo, outrora de batalha, de vermelho sangue. Quanto ali foi derramado? Quantas lágrimas impregnaram o solo e o tornaram salgado como as águas do mar? Quantos joelhos caíram por terra e corpos se esvaíram em sangue? Talvez demasiados. Talvez tivessem salvo a humanidade de bárbaros, mas e agora? Um campo de memórias.
Ouço uma música triste a ecoar na minha cabeça. Aquela que sabes que é capaz de arrepiar a minha pele, ainda mais do que o teu toque. Uma música que me faz lembrar aqueles filmes que detestas por serem demasiado dramáticos e retratarem tempos que não estão de acordo com os atuais. Consigo mover o meu corpo ao seu ritmo e sentir os calafrios percorrerem-me de uma forma leve, mas violenta. E fecho os olhos. Ergo o vestido e danço, mesmo sem saber dançar. Também sentimos sem saber sentir, não é? Não vejo qualquer problema em experimentar. 
Olham-me como se estivesse demente. Como se me movesse desenfreadamente quando a melodia é leve e triste. Quando ela me arrepia e faz querer com que não pare. Paro eu. Talvez não seja o momento para dançar.

2 comentários:

  1. Adoro o texto, cativa palavra a palavra :)

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  2. é sempre momento para dançar, porque o tempo somos nós que o fazemos. temos esse direito, por enquanto ainda não são só memórias de outros tempos. temos de aproveitar.

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"Procura o que escrever, não como escrever." Séneca
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