quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Mandaram-me para o meio das feras e disseram para eu ter fé. Com fé tudo se alcança. Com fé o difícil pode parecer fácil e aquilo que consideramos não ser capazes de fazer pode não se mostrar de todo um desafio. E é assim? Estou no meio das feras e querem que eu tenha fé em não ser esmagado?
Eu tive fé. Acreditei nas minhas capacidades, que se dissesse para mim que conseguiria, iria chegar onde pretendia. Fiz isso e estatelei-me no solo com tanta violência que quase quebrei cada osso do meu corpo. Não só estatelei ossos como aquilo que restava da minha fé. 
Eu quero acreditar. Quero seguir os passos das minhas origens, não abjurar nada daquilo em que fui habituado a crer, mas quando tudo se torna inexoravelmente negro e apocalíptico, como posso eu ter fé? Como posso acreditar que sou capaz e que vou conseguir?
Eles mandaram-me para as feras e aqui estou eu: a mirar cada recanto, a rever mentalmente tudo aquilo que fiz e à espera de um milagre que pode nem sequer vir. Enquanto isso, os pensamentos corroem-me de tal forma que me apetece gritar aos sete ventos que não sou capaz. Que não vale a pena. Que eu não sou quem eles querem que eu seja. Que vou errar.
Eu quero erradicar esta voz. Quero calá-la, mas ela parece gostar demasiadamente da minha cabeça para a abandonar. 
-semi-fictício-

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