segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Os Últimos Dias na Terra - Parte 1

Ding Dong.
A campainha toca incessantemente e o barulho excessivo de bruxas, cadáveres, criaturas hediondas, e zombies, não tão zombificados quanto o termo indica, corriam as ruas gélidas da noite mais aguardada e mágica das crianças: a noite do Dia das Bruxas. Durante todo o dia, no escritório, ouvi pais extasiados com o facto dos seus amáveis filhos percorrerem as ruas da pacata cidade para pedirem doces ou cravejaram os muros das habitações com sangue artificial e mensagens que seriam petrificantes numa outra altura do ano. 
Relutante, pouso o copo de vinho em cima da pequena mesa de centro e deslizo até à porta, abrindo-a. Exibem-se quatro criaturazinhas com não mais de metro e meio e com sangue a ornamentar-lhes os semblantes pálidos. Estendem-me um longo saco negro e sorriem-me com uma candura indescritível que não tenho coragem de recusar as minhas últimas barras de chocolate. Para vampiros sequiosos por sangue humano eram demasiado dóceis, até porque me agradeceram no final e me prometeram voltar no ano seguinte. Boa! Teria que manter o stock de chocolate para o ano seguinte. 
Volto a sentar-me defronte do televisor, premindo as teclas do comando continuadamente sem qualquer interesse até que a campainha volta a tocar. Contudo, o som é diferente. Urgente. Como se fosse um caso de vida ou de morte. Penso em apagar as luzes, recolher-me e ignorar. Não obstante, segundos depois, ouço um grito estridente reverberar por toda a rua. Novamente a campainha soa, seguindo-se um compasso de silêncio e depois uma voz masculina a pedir para entrar enquanto bate com os pulsos na porta de madeira. Assustada, com mil e uma hipóteses a adejarem na minha mente de forma catastrófica e incessante,  decido ver o que se está a passar. Corro até à janela, afasto os cortinados e vejo que está tudo num alvoroço. Crianças correm desalmadamente de um lado para o outro largando os sacos dos doces, outras a caírem e a serem pisadas por outras que não reparam tentando fugir. Ouço um grunhido. Ouço as palmadas ininterruptas na porta e decido abrir. Abro-a de rompante e um homem louro cai aos meus pés, enchendo-me os chinelos de sangue. Aterrorizada recuo, mas depois apercebo-me que tenho de ver de quem se trata.
Acordo com som do despertador a irritar-me. Descerro as pálpebras e olho para o calendário: 27 de Outubro. Liberto o ar aprisionado nos meus pulmões e, ainda aturdida questionando-me se aquilo tinha sido mesmo um sonho, meto-me por debaixo do chuveiro, deixando a água escorrer pelo meu corpo enquanto acordo morosamente e me apercebo que tudo não tinha passado de um sonho.
Um sonho deveras real. 

P. s Espero que tenham gostado e que me deixem a vossa opinião, pois, como devem imaginar, eu não escrevo só para mim. Voltarei com as histórias. Espero que gostem! :)

4 comentários:

  1. Aww, amei! Que assustador e misterioso! Mal posso esperar pelo próximo capítulo! :D

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  2. Poisonous Book? Titulo brilhante Hayley! Ainda bem que voltaste às histórias =) Fico à espera de ler mais. Continua =)

    Beijinhos*

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  3. Será que foi mesmo um sonho?

    Ok, onde é que eu clico para ler a segunda parte?!

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  4. olá Hayley! Adorei,este primeiro capitulo está fantástico e misterioso e estou ansiosa para ler o segundo. Ainda bem que voltastes a escrever estas histórias. Beijinhos VM :)

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"Procura o que escrever, não como escrever." Séneca
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