sexta-feira, 18 de maio de 2012

Tortura Psicológica

Eu sou muito má a falar em público. Eu consigo falar em frente a muita gente, mas fico sempre sem saber o que dizer. É como se a réstia comunicativa de mim se desligasse e só a minha audição ficasse ativa. Isto acontece-me frequentemente e eu não lido muito bem ainda com algum reconhecimento de professores, alunos e até mesmo da família de algumas coisas que eu faço. Tornou-se minimamente público que eu escrevo, contudo apenas pensam que é poesia e que eu sou uma poetisa, o que não corresponde de todo à verdade, visto que eu só escrevo poesia quando estou a ficar doente ou doente. É verdade. O melhor poema que fiz em toda a minha vida (e acreditem que não está bom) foi momentos antes de ter ido parar ao hospital, portanto só escrevo poesia em momentos muito soturnos. Acabei por concorrer com esse poema e ganhei um prémio. Vieram duas professoras de outra escola entregar-me o prémio, foi feita uma cerimónia, a minha turma assistiu e o que mais me apetecia fazer, e não era desrespeito para com a organização nem professores, era sair dali. Eu procurava por um buraco para me esconder porque eu não queria ser conhecida como a menina que lê e escreve. Sou muito mais que isso e dispenso rótulos até porque nem sou um produto. O meu discurso, que foi a coisa mais triste que aconteceu, foi super básico porque eu não consigo encarar as pessoas à minha frente. Não gosto de câmaras, não gosto de olhares cravados em mim como se eu fosse um objeto resplandecente e muito menos manifestações exageradas de orgulho. É algo que me atrapalha e me desconcerta de tal forma que me faz agir como uma autêntica demente! Eu sei que não sou de todo normal neste contexto, já que a maioria se exibe e gosta de mostrar aquilo que faz, mas eu não. Apenas um círculo muito restrito é que sabe o que sobre mim têm de saber e dispenso que muitas pessoas saibam o que eu gosto de fazer e o admirem. Se forem pessoas que não conheço pessoalmente, está tudo bem, mas quando são pessoas muito próximas eu não consigo mostrar-lhes as coisas e fazer com que elas fiquem orgulhosas. Pelo contrário, quero que elas hajam normalmente, podem felicitar-me mas não me dar parabéns de forma incansável como se eu tivesse salvo a humanidade de um meteoro! Provavelmente não sou normal, mas eu não lido bem com reconhecimento por parte dos outros e por vezes sinto necessidade que as pessoas não conheçam o meu verdadeiro eu. Provavelmente não passa de um mecanismo de defesa, mas reconhecimento não é para mim. Pelo menos não aquele reconhecimento minimamente faustoso. Eu tenho à-vontade para falar em público mas não sobre mim ou sobre aquilo que eu faço. Eu reconheço que ontem deveria ter sido um dia em que o meu ego deveria atingir o seu auge, já que também fui galardoada com uma medalha numa gala da escola, mas para mim foi outra tortura psicológica que me deixou com vontade de me esconder e nunca mais fazer nada. No entanto, comecei a pensar que se deixasse de fazer aquilo que queria não iria ser quem realmente sou. Desisti da ideia, mas prometi a mim mesma nunca mais participar em concursos. 

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"Procura o que escrever, não como escrever." Séneca
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