sábado, 1 de fevereiro de 2014

Raízes

Carrego em mim uma árvore que renasceu. Recordo-me que se encontrava praticamente morta, que nem os pássaros pousavam nos seus ramos para formarem os seus ninhos e nem os castores faziam dela uma casa para habitarem. E isso era triste, porque estava habituada à vida em pleno movimento, apesar das raízes me prenderem àquele local.
Com o tempo, as chuvas vieram inundar o meu ser e o Sol ajudou-me a crescer de igual forma, bem como todas as adversidades pela qual fui passando, apesar das raízes me prenderem àquele local.
Agora observo as pessoas de longe e elas olham, embasbacadas, para a minha magnificência verdejante e absoluta lá no alto. Viram-me morta, nada fizeram e ainda me criticaram. Floresço, e tecem de mim os mais maravilhosos comentários.
Mas não importa. Casais fazem de mim a sombra em dias quentes, os pássaros constroem em mim as suas habitações, os castores também, as formigas fazem cócegas no meu corpo - o que logro bastante -, as cigarras cantam para mim e as crianças tentam subir-me, ingenuamente.
Estou tão alta, presa nestas raízes, mas feliz por ter caído no mundo dos mortos e ter renascido, tal bela árvore me tornei e tais raízes finquei no solo.

4 comentários:

  1. A música, a imagem, tudo maravilhoso!:))

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  2. R: Agradeço do fundo do coração as tuas palavras!

    Senti em mim as imagens deste teu texto, o ritmo lento e triste, no início, do tom de solidão e, mais tarde, todo o renascer e viver de novo! está lindo.. também tu acabaste de transcender tudo e todos, como uma imponente árvore.

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  3. E que esse renascer de ti seja um mero início de uma longa Primavera sem fim, repleta de pequenos pássaros, de castores, de crianças sorridentes e de casais apaixonados! Não regresses ao mundo dos mortos, imortaliza em ti essa sede de crescer :)

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"Procura o que escrever, não como escrever." Séneca
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