Estou gelada.
Eles disseram para nunca olhar para trás. Corri. Corri por entre ruelas, renques de árvores, caminhos lamacentos que me queriam engolir... Corri por entre vales e montanhas, caí de um precipício, embati com a fronte no solo húmido, fiquei sarapintada de hematomas e coberta de escoriações, mas levantei-me. Sabia que percorria um longo caminho repleto de peripécias, de obstáculos que iriam exibir-se intransponíveis, mas não me estava a apetecer minimamente deixar-me vencer independentemente das adversidades que resolvessem intrometer-se no meu caminho.
Confesso que ponderei parar. Deixar o frio entorpecer lenta e perfeitamente cada músculo do meu corpo, fazendo com que ele se tornasse inexoravelmente impotente mesmo contra a mais fraca brisa. Tentei controlar a minha mente apocalíptica que vislumbrava a morte como sendo o único caminho viável. Contudo, eu vi o Sol nascer lá ao fundo. Singelo, forte, despontando lentamente, tornando a vegetação imponente e fazendo-me renascer dos mortos, ou perto disso. Com os músculos frouxos, decidi levantar-me e, cambaleando, continuei o meu caminho, relembrando-me que se eu não o fizesse, jamais alguém o faria.
E cheguei onde queria. Tarde, mas cheguei.
E queria mais. Queria ler mais. O antes e o depois. Saber para onde é que ela vai e o porquê de ir.
ResponderEliminarÉ um texto pequeno que deixa a vontade de ler mais.
Love, Nameless